Antes de começar qualquer atividade dentro da nossa associação os terapeutas e treinadores fazem uma avaliação geral da pessoa, digamos que procuram conhecer a realidade física e psíquica da pessoa que tem pela frente por forma a aconselhar um das atividades ou tratamentos que temos para oferecer:
Tai Chi Terapêutico | Qigong - Ginástica terapêutica | Massagem de som | Massagem Tuina
À medida que envelhecemos, vamos estando mais atentos a passagem do tempo e acompanhamos o nosso desenvolvimento em vários segmentos. Um dos que mais acompanhamos é o da saúde, com novas e promissores benefício (tecnológicos e da ciência) na nossa saúde e qualidade de vida. No entanto, à medida que ganhamos no avanço tecnológico, perdemos quase que compensatoriamente a arte subtil da percepção dos sinais, sintomas e manifestações clínicas que o paciente nos revela no momento de sua consulta.
Quantos de nós já não nos sentimos decepcionados por receber um atendimento pouco humanizado e simplesmente técnico, no qual temos pouca chance de realmente expressar o que estamos a sentir e de desenvolver um relacionamento saudável entre profissional e paciente?
Muitas vezes regressamos da consulta tendo em mãos apenas solicitações de exames complementares, tendo a sensação de que não fomos compreendidos e, devido ao curto tempo, também não conseguimos falar tudo o que realmente precisava ser exposto. Devemos tomar a cura uma demanda pessoal e ativa!?
Sentimos saudade dos tempos em que tínhamos o médico da família, normalmente bem-humorado e conhecedor da realidade pessoal de cada membro, das suas funções e hábitos de vida. Normalmente esse profissional tinha um vasto conhecimento de clínica geral, observava a cor da face, dos olhos, do estado geral, percutia, auscultava e normalmente prescrevia o tratamento sem necessidade de muitos exames complementares.
Os exames são recursos que devem ser utilizados quando há necessidade de esclarecer pontos que não são muito claros à simples observação, mas de forma alguma devem ser o principal recurso para substituir a avaliação semiológica.
Uma medicina contemplativa
A medicina chinesa, em sua essência, é contemplativa e empírica. Sua avaliação começa ao ver o paciente pela primeira vez. A agilidade, qualidade dos movimentos, tiques, odores, tom de voz, cores que se refletem na face, todos esses sinais podem ser observados antes mesmo que o paciente diga seu nome. Esses sinais são a manifestação da qualidade energético-sanguínea da pessoa, que possui correspondência com a saúde e a vitalidade de seu organismo.
É claro que toda essa riqueza de experiência não substitui os recursos da medicina moderna, mas revela que a medicina clássica chinesa trilha outro caminho, baseado na observação e na experiência.
O Ling-Shu, clássico da medicina chinesa sobre a arte da acupuntura, diz que "O clínico superior vigia a energia, o clínico comum perturba-se com os sinais e sintomas".
Não é raro ficarmos um pouco confusos quando estamos adoecendo, sendo assim o diagnóstico da doença torna-se uma arte. Colher informações, às vezes desconexas, pode dificultar a compreensão do quadro clínico. Por isso, o Ling-Shu dá o conselho de não valorizar demais o quadro referido pelo paciente, sendo preferível estar atento às manifestações energéticas que podem ser percebidas pela cor da face, avaliação do pulso, língua, palpação de áreas do corpo, abdômen. O que percebemos é a realidade imediata, e o que é referido nem sempre é verdadeiro (no sentido de que nem sempre o paciente está consciente das origens de seus distúrbios), e quando verdadeiro nem sempre é atual.
No primeiro encontro com o paciente, o Ling-Shu ressalta a importância de tocar o espírito do paciente, pois é a realidade sutil que mantém e preserva toda a estrutura física. O tratamento então começa na avaliação, percebendo a fonte da desarmonia e, com sensibilidade, exige atuar no psiquismo do paciente.
Vamos tomar um exemplo de um paciente com uma desarmonia no fígado. Ele pode apresentar uma gama extensa de sinais e sintomas, tais como: distúrbios de sono, problemas digestivos, dor de cabeça, náuseas, problemas nos olhos, irritabilidade, perda da criatividade e capacidade de planejamento, dores musculares, etc.
Cada órgão na medicina chinesa é responsável por qualidades e características da nossa estrutura física bem como por aspectos do nosso psiquismo. Nosso cérebro, na medicina chinesa, é um local de processamento das mensagens provenientes dos nossos órgãos internos. Serve para expressar em gestos, posturas e movimentos a energia dos nossos órgãos. Nesse caso, o profissional pode atuar despertando no paciente a virtude capaz de equilibrar o fígado, que corresponde ao elemento madeira e cuja virtude é a benevolência.
Ao tocar o paciente nesse nível, mudanças podem ser sentidas imediatamente. O tônus muscular, a cor da face e características do pulso podem sofrer mudanças antes mesmo de iniciar o tratamento que o paciente procurou.
Quando o próprio paciente compreende os motivos do adoecimento e participa ativamente na sua recuperação, bons resultados são obtidos em um curto espaço de tempo. Em contrapartida, uma má interação entre terapeuta e paciente, e a falta de afinidade e confiança interferirão negativamente, servindo o tratamento, então, apenas como uma forma de alívio temporário, sem atingir resultados satisfatórios.
Há quem diga que tratar dessa forma é induzir o resultado. Chamo isso de arte, uma capacidade que se desenvolve com base em conhecimento, mediante estudo e observação associado à sensibilidade e interesse em auxiliar o paciente em seu caminho de retorno ao seu estado de saúde.
Recursos técnicos fazem parte do arsenal terapêutico, mas a sabedoria da arte de curar transcende a técnica.A arte da consulta na Medicina Tradicional Chinesa O momento da interação entre paciente e profissional da Medicina Tradicional Chinesa promove oportunidades preciosas para um profundo diagnóstico e uma abordagem curativa do profissional desde os primeiros instantes da consulta.
A escultura feita em marfim mostra um médico tradicional tomando o pulso energético da paciente. A medicina tradicional japonesa é herdada da medicina tradicional chinesa